Pode-se dizer de um nômada… que tem um lugar? Por sentir-me nômada [ou vagamundos, globe-trotter, em língua de gringo], o possessivo do título acima carece de sentido.

Lugares sim, para mim são vários: 3 países —primeiro o Brasil, claro, terra natal— longe como o diabo e no entanto perto, demais da conta, carrego comigo dia e noite, no fundo da retina, no coração, em sonhos, no jeito de ser. Brasileiro que é brasileiro não tem jeito pra outra coisa, não muda, não se ajeita, vai e disfarça mas no fundo é o que é, eta país, eta povo. A gente muda de ar, atravessa fronteiras, se enrola em outras línguas e mentalidades, mas o cerne não se altera, sofre saudade e o sentimento da terra vai se sedimentando, vai criando raízes, fora do Brasil sou mais brasileiro que antes. Oxa!

Outros países, onde passei meses, anos, décadas de vida, entrementes até mais que no Brasil: a Alemanha (quem diria?), meca da ópera, e além disso também peregrinando por outros, claro… raízes só mesmo virtualmente! Oropa, França e Bahia [ê Ascenso, ê seu Mário, ê Manueis!] e sonhando com Pasárgada – agora por fim a Espanha, terra nova, de ascendentes históricos e da segunda metade. Destinação.

Quem sabe onde vamos parar. Tem importância o lugar, com o passageiros que somos? Não dramatizo. Tomo nota e, como dizia Rosalía de Castro, vamos bebendo.
Lugar, lugar de verdade, é estado de espírito. A língua-mãe. Às vezes. Nem sempre. Pra mais não dá. Já entraremos em detalhes, se for o caso.