eschenheimer torDescontando o inverno, é país agradável, rica paisagem, fantásticas variações da natureza desde os Alpes, passando pela Floresta Negra e mil vales e bosques, serras e montanhas, até o Mar do Norte e o Báltico.
Tudo bem visitado e comprovado em muito boas companhias, claro. Bom, quase tudo.
Agora a comida, compadre, a água mineral, o café, carece ter bucho, e fome arretada, grandes doses de paciência e boa disposição pra ir se habituando. Tem coisa que não dá pra ir. Mas cerveja e vinho é à von-
tade. Não vamos pôr reparo. Além disso muita riqueza, grandes luxos, esbanjamento de tudo.
Safadeza e roubalheira, essas misérias tão nossas?
Igual que nós, paisano, só que com menos descaro e esculhambação, negócio de graúdo destes frios
meridianos é disfarçar pra manter o verniz intacto. Ruas limpas, bem cuidadas, fachadas em ordem,
os cemitérios autênticos jardins, mármores polidos, lataria dos carros brilhando, um primor.
Povo escolado, refinado, recalcado, depravado igual a nós e a todo mundo. Nisso aí, porém, o alemão
vai ver sai ganhando. Corrupção na moita. Bom, mais ou menos.
Então o povo aí também mete a mão, compadre?
Senhor acha que não? Gozador, hein! Por falar em povo, eta povinho. Sem o povo, uma boa parte pelo
menos, a Alemanha seria uma beleza! A paisagem é uma maravilha, quase toda.
Claro que tem gente boa, tem sim senhor, mas que custa encontrar, ó, vou lhe contar. E leva tempo. Pst!
Quanto mais ao norte, mais frios e reservados. Os da parte sul já dão mostras de certa influência do estilo
mais solto e escachado dos vizinhos latinos, francês, italiano, etc.


Foto: Eschenheimer Turm (Torre medieval)